Nunca gostei de terminar as coisas. Fico com dó, uma melancolia doce, um nó na garganta que nunca se desfaz. Sou apegada ao que é meu, ao que lembro, ao que minha memória guarda lava e passa com tanto carinho e esmero. Gosto de manter o que é vivo perto. E lembranças são vivas.
Conheço gente que é do time do se-tá-me-incomodando-tchau. Não consigo ser assim. Se te amo e você me incomoda, sento e converso, te explico cada coisinha que me tira do eixo. Não posso simplesmente fechar a porta na sua cara.
Tudo hoje é muito superficial. As relações duram bem menos que uma temporada de seriado. Isso me entristece um pouco. Falta vontade, falta grana, falta sangue no olho. Falta aquela velha e boa luta. Todo mundo opta pelo mais fácil, pelo método mais simples: estragou, compra outro. Tudo é substituível. Mas não sei substituir minha vida, minhas histórias, meus amores. As coisas são raras. E caras. Nada tem preço, nada é desprezado. Aproveito tudo até o último gole, até o último pedaço, até a última gota. E acho que é assim que a gente deve viver: curtindo tudo ao máximo. E se estragar a gente remenda. Porque tudo pode ser modificado, basta a gente querer.